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Como lidar com as birras?

Muitas vezes, os pais têm a tendência de encarar as birras como um desastre. No entanto, estas são comuns em crianças dos 1 aos 3 anos e tendem a diminuir quando as crianças aprendem a falar. Mas o que fazer enquanto esse momento não chega? 

Perceber o que é uma birra

Antes de tudo, é importante entender o que é uma birra. 

Uma birra nada mais é do que uma desregulação emocional intensa. Ou seja, a criança perde a capacidade de lidar com as suas emoções, de forma socialmente apropriada. Geralmente, a fase das birras ocorre dos 1 aos 3 anos, pois é dessa forma que as crianças mostram que estão zangadas ou frustradas, visto que as suas capacidades de linguagem não estão totalmente desenvolvidas. 

Por vezes, os adultos pensam que as birras são um disparate e que não há necessidade de haver qualquer reação. No entanto, a nossa opinião enquanto adultos interessa pouco, pois a criança está a reagir em função de um processo interno que ela não controla. 

Quando uma criança faz uma birra, é sinal de que ela desligou a parte do cérebro onde ocorre o pensamento lógico (o córtex), deixou de conseguir ouvir, aprender ou compreender o que lhe estamos a dizer. Quer dizer que a criança entrou num estado de luta ou de fuga e que ficou com menos perceção do tempo, menos cognitiva, mais reativa e muito mais emocional. 

Estas situações podem acontecer quando as crianças estão cansadas, com fome ou desconfortáveis. As birras também podem acontecer por não conseguirem algo, como um brinquedo, por exemplo, ou por ciúmes do irmão mais novo. Lidar com a frustração é algo que as crianças aprendem com o tempo e, à medida que começam a aprender a falar, as birras tendem a diminuir. 

Este conhecimento é determinante para os adultos conseguirem lidar nestes momentos. 

O que fazer 

Então, o que poderão os adultos fazer perante uma birra? 

O neurocientista Bruce Perry, por exemplo, defende que se siga o método dos 3 erres: regular, relacionar e refletir. 

Quando a criança está desregulada, o adulto precisa de se manter regulado. O nosso sistema nervoso é altamente influenciável pelo sistema nervoso dos outros. Isso significa que a desregulação da criança também nos pode desregular, a não ser que tenhamos consciência disso e utilizemos o processo a nosso favor, mantendo-nos regulados para a criança poder regular-se connosco. Eis os passos a seguir: 

  • Respirar
  • Ter paciência
  • Não julgar e aceitar a situação e a criança como ela é
  • Ficar ao nível da criança fisicamente
  • Falar com uma voz suave, com poucas palavras e nada de complexo, tal como: “eu sei, estou aqui”. 
  • Fazer uma festa ou abraçar, se a criança aceitar
  • Estar plenamente presente

A intenção é fazer com que a criança se sinta segura, calma e amada para podermos passar para a etapa seguinte. 

Quando a criança acalmar, será então altura de relacionar. Podemos reconhecer e validar o seu estado falando um pouco mais. Por exemplo: “Eu sei, é muito difícil para ti, querias muito…”; “Eu sei que estas coisas são muito chatas…”. O tom de voz e a linguagem não verbal devem ser suaves e calmos para manter a sensação de segurança e amor. 

Refletir é a última fase defendida pelo Dr. Bruce Perry. Aqui, a criança tem de estar novamente com o cérebro todo “ligado”. Ou seja, já vai conseguir pensar sobre o que aconteceu de uma forma mais lógica e fazer diferente. Podemos falar sobre estratégias de como lidar com situações parecidas, sobre emoções e necessidades.

O que não fazer 

As estratégias que fazem com que a criança se “renda”, do ponto de vista cerebral e de sistema nervoso, geram ainda mais medo. Como tal, discutir, gritar, dar uma palmada ou colocar a criança de castigo é totalmente desaconselhado. 

Atitudes deste género só vão fazer com que a criança se sinta mais insegura, sozinha, inadequada e desconectada. 

Uma criança que consegue manter o cérebro todo ligado será capaz de tomar melhores decisões, será melhor a satisfazer as suas necessidades de forma saudável e terá a capacidade de contribuir para relações felizes.

A solução passa, sem dúvida, por fazer com que o seu filho se torne capaz de refletir sobre o seu comportamento, as suas emoções e as suas necessidades juntamente consigo. 

Fontes: 

simplyflow.pt 

oficinadepsicologia.com 

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